sábado, 4 de setembro de 2010

deriva sampaulo

Em grupo saímos numa tarde quente de domingo; mesmo que a parte viva da cidade estivesse dedicada a suas televisões, antenadas na Copa do Mundo, e nós encontrássemos nas ruas de Sampaulo mais os contructos e seus obsusos usos, do que as pessoas, os transeuntes, os manifestos.



Nossa deriva começa partindo da estação de metrô, marcamos em Marechal Deodoro, de onde mais ou menos desenhamos um percurso voltando até o Ay Carmela, onde participávamos de uma oficina de três dias sobre mapas radicais com um dos integrantes do espaço 56a Infoshop, em Londres.

A região onde está a estação Marechal Deodoro era de habitações de dimensões baixas, correspondentes ao período em que nos arredores do centro financeiro de Sampaulo estavam uma série de pequenas fábricas e usinas, e comércio com acesso direto para a rua. O bairro de Santa Cecília está mudando abruptamente (na realidade se percebe diversos tempos de ocupação distintos, pela qualidade das construções), e mais recentemente prédios de mais de 300 apartamentos tem sido construídos na região.



Decidi que minha deriva ia contabilizar os serviços encontrados na área, fotografando algumas placas e anotando mercados, bares, cabelereiros, dentistas, sapateiros, borracheiros, e outros... como uma forma de criar uma medida para entender, ao longo dos tempos, as mudanças do bairro. Essa medida poderá ser usada no futuro, se voltarmos ou se alguém voltar ao bairro (ao menos no percurso que fizemos) para observar essas mudanças.



Seguimos pelas ruas Lopes de Oliveira > Vitorino Carmilo > Eduardo Prado > Conselheiro Nebias > Dr. Elias Chaves...



Numa destas esquinas encontramos esse prédio de tijolos de uma antiga fábrica, que, parece, já tinha virado esporadicamente estacionamento e depósito.

Alguns derivantes, mesmo hesitantes em o que fazer, escolheram mapear o lixo encontrado, como este, bem em frente à fábrica:



Eu fui surpreendida pelo ensaio dessa garatuja com giz de cera na parede de um prédio residencial:



E mais adianta pela grafia de uma borracharia:



Logo em seguida fizemos uma rápida porém intensa imersão na Favela do Moinho, onde conversamos brevemente com o Santos que nos contou a história de resistência das pessoas. E onde encontramos, surpreendentemente, a obra do artista plástico Nelson Felix realizada durante o evento ArteCidade (2002) no local.


Um encontro que provocou na laranjaperdida um grande choque, e que surgirá brevemente como um texto específico relatando o encontro com essa obra agora destruída e fazendo pensar nas contradições visíveis, nos resultados de lugares usados em grandes eventos, e mais...

A deriva seguiu: Av. Rio Branco > Alameda Ribeiro Silva > Alameda Dino Bueno > perto de onde encontramos a demolição completa do antigo terminal de ônibus que vai virar o Complexo Cultural da Dança (ação absolutamente desconectada dos grupos de dança! que não tem qualquer identificação ou relação com esta parte da cidade!).





Ali perto, de onde se via grande parte da cidade fizemos uma pausa na casa de um dos derivantes (16o. andar!). Então pudemos ver a área demolida de cima,



e também alguns prédios ocupados ou não...

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